domingo, 5 de setembro de 2010

As folhas.


Nos olhos tristes que fitam a estrada, me reconheço. Nas notas melancólicas me enquadro e ouço o som das folhas secas no chão em que piso que por algum motivo estão ali, esquecidas e ignoradas.

Nos conflitos que as folhas não podem ver ou sentir, eu me apresento, ostentando a bandeira da incerteza. Os pés que não tocam o chão, tudo por causa cabeça que está mais longe do que se possa imaginar.

Os mesmos olhos que carregam o semblante triste, tentam enxergar além da espessa neblina onde, além dela talvez a solidão acabe e o frio passe. Por isso eu rezo, o que haverá atrás do véu do passado e além da neblina que vejo agora? As folhas secas ainda existirão? Ou já estarão no alto das árvores, voltadas unicamente para a luz? Tal luz que não vejo, mas sinto bem profundamente em mim, em você e em todos nós.

Nós sempre queremos mais, as folhas não entendem, apenas seguem sua existência no ciclo de nascer, crescer e morrer. Por que se complicariam, por que iriam querer ser como nós?

Assim como nós: confusos, impacientes, mas também sentimentalistas, amantes e sonhadores.

Talvez sejam, ou não.
Talvez queiram, não sei.
Não cabe a mim saber, mas sim pensar. Eternamente pensar...

Autora: Tahiane C. Libório

“Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito. O vento da vida pôs-te ali..." (Pablo Neruda)

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