domingo, 30 de dezembro de 2012

Diálogos matutinos

 Trilha sonora

- O sol nasceu.
- Assim como o esperado. Assim como todos os dias.
- Você não gosta?
- Do sol?
- De vê-lo nascer, saber que ele não desistiu de nós.
- Como se isso significasse alguma coisa, é só mais uma estrela no meio de milhares de outras.
- Acho bom que ele tenha decidido iluminar a Terra hoje.
- Assim como todos os dias.
- Gosto de saber que ele me deu uma nova chance, você não?
- Chance de quê?
- Ora, chance de viver mais uma vez e, principalmente, chance de mudar.
- De nada adianta usar todas as chances para apenas falar e não tomar atitudes, um dia elas acabam.
- Pela primeira vez desde que o sol nasceu eu concordo com você, mas acabam só até descobrirmos que o sol e a vida são muito maiores do que pensamos, acho que não é um fim e sim um recomeço.
- Que loucura, estamos falando do sol ou da vida?
- Achei que se juntassem em uma coisa só.
- Acho que não.
- Bom, os dois envolvem novos amanheceres, chances e beleza, mesmo que escondida por algum problema, como em um eclipse solar, mesmo que escondido o sol continua a brilhar.
- Talvez você tenha razão, mas ainda acho muita filosofia para uma segunda de manhã.


sábado, 22 de dezembro de 2012

Finais, passado e confusão


Tanto tempo se passou sem que realmente víssemos ou nos déssemos conta: acabou.
Acabou e a sensação continua sendo de que tudo foi um sonho, como se nada existisse fora o presente.
O passado se tornou um sonho e o futuro continua sendo a incerteza. O que temos é o agora.
O passado foi colorido, divertido e doce, mas se foi. Dele restaram as lembranças e os sentimentos que guardamos, as pessoas que vimos, que deixaram cicatrizes ou feridas que o tempo ainda não curou. Tudo anda ficando para trás, é como começar do zero. Você consegue sentir também?
As pessoas não são mais as mesmas e ao concluir isso, a despedida parece ser mais fácil, mas não é.
Ainda lembraremos com um sorriso no rosto e um aperto no coração dos que ficaram para trás ou não nos acompanharam no caminho.
Depois de pensar tanto, a confusão persiste, assim como a saudade. E assim continuamos a vida com uma interrogação cravada na testa e esperando que alguma coisa se esclareça no próximo passo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Gostaria de compartilhar esse vídeo com vocês, é um trecho do filme de Charlie Chaplin "The great dictator" que eu achei extremamente tocante, e de uma forma impressionante, um discurso muito atual apesar de se tratar de um filme antigo. Não consigo deixar de ver Chaplin como uma pessoa visionária e à frente do seu tempo, é incrível não fiquem com preguiça de ver, vale muito a pena.
  
                      
 

domingo, 25 de novembro de 2012

As ilustrações de Vania Zouravliov

Conheci o trabalho desse ilustrador (apesar do nome, é um homem) quando estava montando uma revista durante o curso de Comunicação Visual e simplesmente fiquei encantada com a complexidade dos desenhos. Ele tem entre suas influências a Bíblia, A divina comédia de Dante e índios norte americanos. Seu estilo é inconfundível e bem marcante, aos 13 anos ele já fazia inclusive, exibições internacionais. Em projetos recentes ele realizou trabalhos até para a Nathional Geographic.


Você pode ver outros trabalhos dele clicando aqui.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tempo e indiferenças


Um ônibus em um dia quente, muito quente. O sol castigava a todos e ela não via a hora de finalmente chegar em casa, foi exatamente na hora em que se levantou e se deparou com sua primeira amiga, a garota que mora em frente à sua casa e com quem compartilhou as grandes brincadeiras na infância. Pena queque nem tiveram coragem de se olhar e quem dirá de se cumprimentar. Por quê?
Não se olharam no momento em que desceram e nem enquanto caminhavam, houve apenas o silêncio e a indiferença. Como pode a vida dar tantas voltas? As mesmas garotas que um dia fizeram planos, correram por aí e compartilharam segredos hoje são pessoas completamente diferentes e indiferentes. A pergunta é: Como isso foi acontecer? Como a cumplicidade se tornou o silêncio constrangido? Hoje provavelmente elas são pessoas incompatíveis, mas um dia estiveram próximas o bastante para uma fazer parte da vida da outra.
Se tornaram desconhecidas silenciosas, que nem sabem em que direção olhar quando seus olhos correm risco de se esbarrar. Mas tudo bem, esse é o caráter mutante e efêmero da vida, o que é real hoje pode simplesmente se dissipar amanhã. Nunca sabemos se o nosso melhor amigo hoje vai ser o melhor amigo de sempre ou para sempre.
Odeio histórias de indiferença, é uma pena eu estar nessa.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Alguma coisa boa pode funcionar

Bom, eu falei ontem sobre a nova fase do blog e uma das novas propostas é incluir a playlist, mostrando a vocês músicas, albúns ou clipes bacanas. A música da vez é de uma banda que eu amo e que vocês talvez até já conheçam: Two Door Cinema Club. Escolhi essa música para combinar com o astral otimista que estou nos últimos dias e é bem traduzido pela letra e pelo ritmo, aproveitem e entrem nessa também. A música é bem gostosa de ouvir, enfim pegue o fone e chegue mais.

A versão de estúdio, que tem alguns outros vídeos feitos pela banda da mesma música:


E a versão acústica:



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Mudanças no blog


Quem acompanha o blog (se é que alguém acompanha) deve ter percebido que o ritmo das postagens vem diminuindo, eu posso explicar. Bom se eu alegasse falta de tempo não estaria sendo completamente sincera, mas não tiro uma parcela da culpa das pressões desse fim de ano, pois concluirei o ensino médio e tem o vestibular e todas essas incertezas que vocês conhecem ou vão conhecer um dia, e além disso também tenho me ocupado de outras coisas.
Bom, na verdade o que eu gostaria de dizer a vocês é que eu pretendo mudar um pouco o blog, mantenho ele desde 2009 mas a estrutura permaneceu basicamente a mesma durante todo esse tempo, apesar dos textos terem evoluído. Bom a proposta é postar diversas coisas que eu gosto, deixando ele mais completo. Claro que não abandonarei a escrita, minha paixão since 1995, mas vocês verão outros tipos de textos, entre eles pretendo escrever algumas crônicas e alguns textos em primeira pessoa, coisa que tive evitado nos últimos que escrevi. Resolvi realizar algumas mudanças, pois sempre tenho as encorajado mas nunca as apliquei aqui, não acho tarde para começar. Então, mão na massa.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Permita


Um pé à frente do outro, e só um pensamento dança entre meus neurônios " Não olhe para baixo, não olhe para baixo". Tudo bem, desde que esse pensamento ocupasse todo o espaço e evitasse que visse efetivamente todo o vazio abaixo da corda onde oscilavam os pés.
Ninguém pela frente e ninguém vindo em seguida, aquele era o gosto da solidão. Teria de enfrentar tudo na mais absoluta resignação e sem nenhuma ajuda física, teria que se contentar com os sussurros das estrelas acima da cabeça em uma torcida tímida, e ao mesmo tempo intensa.
Um passo à frente do outro, e o abismo logo abaixo já deixou de ser onipresente na dança mental. A preocupação agora é se tudo era real ou apenas um parêntese em uma linha temporal qualquer, ou quem sabe um sonho? Nunca sabemos, seja de olhos abertos ou fechados.
Então, se lembrou que ninguém seria capaz de fazer com que desmoronasse dali sobre o abismo, a não ser si mesmo ou deixasse que o fizessem. E teve uma breve sensação de paz, e me atrevo a dizer, confiança.
Depois... a vontade de abrir os braços como se fossem asas, deixar que fossem. Tudo não passa mesmo de um sonho?
Permita-se sonhar, permita-se amar, permita-se voar...


domingo, 26 de agosto de 2012

Viva a loucura

Carl Spitzweg:Der eingeschlafene Nachtwächter,1875

Um pé na frente do outro, uma olhada para o lado, e todo um cenário montado na mente com alguns elementos de realidade, mas não se engane, só alguns. Talvez só os passos, ou só a brisa. Tudo o que bastava era fechar os olhos, daquela maneira despreocupada, sem ligar para quem estivesse olhando o sorriso no canto da boca ou os olhos fechados em meio àquele fluxo acelerado de pessoas, ou de corpos, com a humanidade escondida em algum canto em meio a tanta bagunça que são os seres humanos, esses que sempre colocam o relógio acima de si mesmo, de suas necessidades.
Sim, o sentido da vida é o horário. Isso significa que a vida é o que está acontecendo enquanto o relógio está se movendo e nós estamos olhando. Acho que esse é um dos motivos pelo qual não devemos ter medo de sermos chamados de loucos ao nos preocuparmos (ou despreocuparmos) pelo menos por um minuto em sermos nós mesmos, pessoas que sentem, que se comovem por ver alguém deitado embaixo de uma marquise ou pelo menos pensam na criança que está no semáforo fazendo malabarismos. Tudo fica tão mais leve quando não nos preocupamos em ser as marionetes adormecidas, não é mesmo? 
Gosto da sensação de ser leve, sem me preocupar com tudo o que se espera de uma pessoa para que ela seja supostamente feliz, acho que estamos todos correndo na direção contrária, nos distanciando cada vez mais do que nos completa, estamos correndo da infância. Éramos bastante felizes aos 5 anos, e mesmo que não nos lembremos muito bem, sentimos saudades. E se éramos felizes, provavelmente fazíamos alguma coisa da maneira correta. Dávamos mais importância às pessoas, nos preocupávamos mais com o bem estar do outro e costumávamos nos divertir mais. 
É melhor ter a companhia das flores e dos animais, em uma suposta ou relativa solidão do que das pessoas que nos sufocam e nos impelem a acompanhá-las na corrida para a direção contrária, talvez pelo simples fato de não se lembrarem da direção correta. Estão tão perdidas quanto eu, mas com uma diferença: Não fazem questão de se encontrarem. O que é uma pena, mesmo que isso tenha caráter provisório, pois ninguém consegue ficar de olhos fechados por toda a eternidade.
Bonito é quando somos capazes de ter mais um pouco de fé só de olhar as estrelas e sabermos que somos parte delas. E acabamos pensando na maneira como um dia nos separamos delas, para nos tornarmos os seres que as observam silenciosamente alguns bilhões de anos depois. Não abro mão dessa beleza que parece sutil, mas que quando reparamos nela, ela nos toma de tal forma que acreditamos que tudo é possível. Não consigo não achar isso bonito, talvez seja coisa de gente louca pensar nessas coisas, mas se assim for, viva a loucura.

sábado, 18 de agosto de 2012

O labirinto


Fabienne Lin


E mesmo que passem os dias, as noites, os verões e os outonos do lado de fora da janela, e as coisas mudem relativamente, sempre acabamos voltando para os mesmos pontos, pelo menos internamente, sabe do que eu falo?
É quando você acha que é uma nova pessoa, mas depois de um tempo nota que apenas estava enganando a si mesmo e se sente da mesma forma de que você tanto quis fugir. Corri pelos corredores em busca das palavras que me faltavam, não olhei para trás, mas como em um labirinto voltei para o mesmo ponto de onde saí, sem nem mesmo saber se um dia estive ao menos perto da saída, da liberdade. E lá vou eu novamente, passar pelos corredores, quem sabe com um pouco mais de cautela, já que descobri que correr no impulso, só nos faz cansar sem sairmos do lugar, causa uma falsa sensação de “descomodismo”, se é que essa palavra existe, se não, me permito inventá-la. Mas vocês entenderam: falsa sensação de que saiu do lugar, geralmente caracterizada por um momento de entusiasmo, seguido de nenhuma atitude concreta que realmente mude as coisas. Ficamos em um eterno “deixar para amanhã” e nunca concluímos nada do que começamos, isso é cansativo no final das contas: Não fazer nada. O mundo não fica estagnado até o momento em que tomemos a iniciativa de fazer parte dele, e se não o fizermos rápido eles passará por nós e talvez seja tarde demais para alcançá-lo.
Mas aqui deixo um pequeno registro de uma nova tentativa, e lá vamos nós. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Once upon a dream


Engraçado mesmo é a forma como adiamos as coisas, adiamos por não reconhecer que a iniciativa é reconhecida, por preguiça e, principalmente por medo.
A insegurança de dar um passo a frente e deixar para trás todo o espaço conhecido, toda a acomodação e o que estamos acostumados nos deixa estagnados. Não nos damos conta que mudanças tem que ocorrer e não vale à pena esperamos que sejamos obrigados à elas, ou esperarmos recomeçar em datas específicas e dizemos "Vou mudar minha vida no próximo ano", "Vou estudar no próximo semestre", entre outras coisas do gênero que frequentemente saem por nossas bocas. A questão é: Teremos que nos adaptar e fazer um esforço para adequar essas mudanças em nós, e o que adianta esperar o dia 1 de janeiro? Teoricamente o esforço será o mesmo, e adiar só vai fazer com que nos ocupemos com coisas que não nos levarão na direção a qual queremos ir, nesse caso pararemos onde a correnteza nos levar, o que pode a chegar a ser patético. Mas essa é a consequência de desistirmos dos nossos sonhos, pelo simples fato de adiar fazê-lo acontecer.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O espelho

                                        Trilha sonora


Me peguei lendo livros aos quais eu já havia lido, procurando por coisas que eu já havia escrito. Não entendi muito bem o motivo, mas foi algo sutil que me fez refletir sobre a razão disso, justo eu, uma pessoa que tanto aprecia o presente e o que está por vir. Foi quando finalmente me deparei com o sentimento de perder algo no caminho de casa, uma coisa que você simplesmente deixa cair e não se dá conta do que está deixando para trás, uma coisa que você nem se lembra o que é, mas que no final das contas a ausência daquilo te deixa vazio e estranho, como se você tivesse se tornado outra pessoa nesse meio tempo.
Você se olha no espelho vê que algumas coisas melhoraram mas que o olhar está um pouco diferente, cansado e sem a inocência de tempos atrás. Para onde foram os sonhos absurdos em que acreditávamos? Para onde foi o sorriso cúmplice? Nenhuma beleza no mundo é tão importante e bonita quanto a da alegria e da delicadeza, delicadeza de gestos, palavras e segundos. Olhar o rastro que tudo isso formou acaba por nos acalmar, e ao mesmo tempo nos tornar inseguros, onde nos levará o abandono do que realmente importa pelo caminho?
Um conflito irritante de pensamentos e sensações deixa tudo ainda mais incerto, é como um medo de se perder definitivamente no reflexo no espelho e esquecer do que o está encarando. Uma saudade inexplicável das coisas de verdade ao invés das de plástico, das pessoas de verdade ao invés das sintéticas, dos momentos sinceros que acabaram se tornando cada vez mais raros. Hoje me olhei sem a ajuda do espelho e não gostei tanto do que vi, senti culpa por ter deixado a pessoa inocente escapar, por ter deixado coisas tão importantes, pessoas tão importantes de lado sob o pretexto de não ter tempo, mas não havia notado que antes de matar o que eu amo estava matando a mim mesma. Me desenrolo sob uma chuva de desculpas mas sei que desculpas não são máquinas do tempo, infelizmente.

domingo, 10 de junho de 2012

Preguiça, tempo e...


Dia de preguiça, de falta de perspectivas e essas coisas que nos impedem de sair do estúpido lugar de sempre, mas não é de propósito, não exatamente. É uma espécie de falta de forças e de vontade, uma coisa meio estranha na verdade, quando até respirar acaba sendo algo cansativo e um incômodo peso.
Todas as suas forças acabam se concentrando em ilusões de como seria não ser você mesmo, nem que fosse por um tempo breve, algumas férias talvez?
Um tempo para respirar, para olhar o que restou aqui dentro depois de tantos dias transcorridos sem que eu me desse conta da minha própria existência, trabalhando no automático. O problema do automático é que quando você se liga, você acaba percebendo que precisa cumprir as funções de sempre, mas simplesmente não tem mais a força de resistir, qualquer coisa que seja, um sim ou um não. Tanto faz, tudo parece estar naqueles patéticos tons de cinza da rotina.
E você se sente vivendo em uma vida que não é sua, que não é profunda o bastante, não há sonhos o bastante, e nem cores o bastante, uma vida que não é o bastante. Cansei de ser sufocada pelas circunstâncias, e francamente? Não sei o que fazer. Não é fácil se admitir frágil, pelo menos para mim, mas aqui estou eu admitindo minha ignorância e minha momentânea impotência em relação ao sufocamento que ainda sinto.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Breve reflexão sobre pequenas partes do ser humano


Não acho certo tratar as pessoas apenas por conveniência, meros objetos podendo ser descartados, esquecidos, trocados, pegos de volta e depois jogados no fundo da gaveta. Não é justo, pessoas têm sentimentos e merecem no mínimo serem respeitadas ao invés de manipuladas e diminuídas pelas outras.
Mas o que mais me irrita em tudo isso é a nossa sociedade valorizar essas pessoas, como dizia Renato Russo, "Por que é mais forte quem sabe mentir?". Vemos todos os dias pessoas que pisaram nas outras continuarem por cima, nossa política não poderia ser um exemplo melhor. Porém não é só isso, tudo começa dentro de cada círculo de pessoas, ou para ser mais exata, tudo começa dentro das próprias pessoas individualmente.
Tem de haver algum tipo de justiça, eu sinceramente acredito nela, mesmo que não a vejamos ela tem que existir, senão a terceira lei de Newton, ação e reação, não estaria correta. Todo universo funciona dessa maneira, por que com a raça humana seria diferente? A exceção? Acho que não devemos ser egocêntricos a ponto de acreditar que as leis universais não se aplicam a nós.
Na verdade, eu prefiro manter uma distância segura desse tipo de pessoa que vê as outras como peças para serem manipuladas a fim de conquistar seus objetivos. Não sou do tipo que gosta de ser manipulada, nem que seja pelas circunstâncias.
Para essas pessoas eu reservo minha pena, que mesmo que falem do amor não sabem o que ele é. Estarão sempre concentradas em um jogo de xadrez jogado por apenas uma pessoa, e o que resta é a solidão e as peças, apenas isso.

domingo, 29 de abril de 2012

Um texto sem preocupação com estética, apenas sinceridade e reflexão


Vontade de pessoas, sabe como é?
Quando sentimos aquela vontade, aquela saudade, de estar falando algo dispensável perto de um bocado de gente indispensável. Rir de algumas besteiras, sem essas coisas que estão nos sufocando ultimamente.
Quero a possibilidade de uma risada sincera, e não uma maldosa ou irônica. Descobri que isso não anda me fazendo bem, já não basta o resto do mundo para nos deixar pra baixo?
Devíamos aproveitar melhor o tempo com quem é importante. 
Não achei que ia conseguir levar tudo tão a sério um dia, e devo admitir que não é divertido. Tudo ia melhor, e ocorria mais facilmente quando eu não me preocupava tanto. Descobri o que dá certo pra mim: Deixar que as coisas aconteçam sem apertar nada entre os dedos, pois a matéria do universo não pode ser contida nos dedos do egoísmo.
As coisas não funcionam como pensamos, por mais que a gente insista nos erros. Cuidando de dentro o resto vem naturalmente. Decidi ser feliz, e isso é o que importa.

"As pipas sobem mais contra o vento, não a favor dele." - Winston Churchil 


domingo, 22 de abril de 2012

Teatros, luzes e minúcias


Tão presos em nós mesmos, acabamos por nos sufocarmos por sermos incapazes de olhar para fora, reconhecer coisas positivas ao invés de remoer as negativas, afinal elas são inevitáveis. Um pouco de jogo de cintura talvez ajude, como dizem: É mais fácil não se ofender do que perdoar.
Não adianta forçar as pessoas terem uma visão que não querem, e desistirem de ser marionetes em um teatro qualquer em alguma parte do mundo, teatro que é inaugurado com alegria, mas que na maioria das vezes perde a cor. As luzes se apagam, e tudo o que resta são lembranças de alguns dias de glória, que por sua vez também se apagarão. É assim, o público não se lembra de personagens mortos, infelizmente.
É estranho pensar que hoje somos o público e os atores, sendo que amanhã seremos a foto velha guardada na gaveta coberta por aquela espessa camada de poeira típica de tudo o que já não frequenta mais a mente das pessoas.
Quanto tempo deixamos fluir, sem olharmos para o lado com atenção o bastante para vermos quando alguém estende a mão? Apenas fechamos os olhos e deixamos a dor de dentro tomar todo o espaço, caramba isso não é justo, não é justo com ninguém e principalmente com nós mesmos.
Devíamos reparar no sorriso que é direcionado a nós, no abraço de quem se preocupa e na vida em volta de nós, no canto dos pássaros, no escorrer da água e no tocar do vento nas nossas faces, sem complicações. Isso deveria ser o suficiente.

domingo, 18 de março de 2012

Breve loucura



O céu estava roxo, daqueles bem parecidos com os tons de quando se mistura roxo com um pouco de amarelo, em um degradê perfeito até o azul. Um céu como aquele só poderia existir depois de uma chuva torrencial. A minha única reação foi encará-lo como se ele pudesse me ver, pequena estupidez, admito, mas não se pode classificar os sentimentos.

Nenhuma palavra seria capaz de expressar com exatidão a grandeza, a felicidade, a falta de ar ao simplesmente estar ali, a consciência de fazer parte daquilo, ser parte da imensidão do universo repleto de planetas, estrelas, buracos negros e vida, muitas vezes silenciosa e ignorada. Em lapsos de felicidade tento traduzir em palavras o indescritível, mas coisas são alcançadas através de tentativas, assim o dizem.

A brisa trouxe alguma dose de irrealidade ao mexer com meus cabelos, e descobri que a irrealidade é tão maravilhosa e sutil que não pode ser algo inexistente, e sim alguma espécie de realidade aumentada.

Na escuridão tentei encontrar a fonte da batida que tomava todo o espaço, procurei na lua mas vi que o som vinha de mim, o som de algo que batia dentro de mim: Um coração, aquele que eu havia esquecido que estava ali. 

O que se ouviu a seguir foi um sussurro, dirigido a ninguém em particular, dizia algo como "Muito obrigado". Abaixei a cabeça e alguma coisa brotou, (quem disse que só se brotam lágrimas?) um sorriso naquele instante parecia apropriado.

                                                                                      - Tahiane Libório.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Delírios de uma noite marcada pelo cansaço e melancolia.

Peso, sons de ossos se partindo e últimos suspiros. Ok, talvez os ossos não estejam se partindo audivelmente, assim como as perspectivas. Ninguém ouve, ninguém sabe, ninguém sente. É assim estar em uma multidão e se sentir completamente só, sem nenhuma alma viva disposta a simplesmente viver, ser humana e autêntica sem rótulos e besteiras, competições vazias, ações vazias, frases vazias e vidas vazias. É triste, quando toda a humanidade nas pessoas se transforma em algo mecânico e sem vida sob o pretexto de que está tudo bem, quando não está.
Todos sorrindo por fora e gritando por dentro, me desculpem mas não quero fazer parte desse mundo. Estou me retirando para um mundo à parte chamado eu, pelo menos ali posso sorrir e chorar sem os olhos atentos que julgam e falam de tudo por mais desinteressante que seja, pois não têm nada melhor para dizer mesmo. Cansei do mundo raso, retiro-me no silêncio para não desperdiçar palavras.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Um banho...


Banho de sal grosso, banho de lua, banho de mar, banho... De qualquer coisa que tire essa camada espessa de confusão e do que deixou tudo tão pesado. Acontecimentos, sentimentos e pensamentos que parecem pesar mais de 100 quilos, que tornam até o fato de respirar tão difícil, tão descompassado.
O que fica evidente então é a claustrofobia, não suportar ficar preso em uma mente ou num círculo delas. No final das contas você acaba fazendo idiotice só para não mostrar que você se importa, quando se importar é tudo o que você faz, mas não sabe o porquê.
A jaula que todos criaram em si mesmos, confinados em seus próprios problemas e sentimentos, onde não se permitem escutar os gritos de quem está ao seu lado pois se preocupam em gritar mais alto na ânsia de serem ouvidos. A paciência se esgota, você fala verdades grosseiras, as pessoas não lhe entendem e tudo fica pesado e turvo.
Aí vem a hora da nostalgia, da hora em que você se lembra de como tudo era leve e fácil. Como os sorrisos vinham naturalmente e você tinha certeza sobre tudo, de quando você não era um poço de contradições, quando ainda havia alguma razão no que você tinha para dizer. Era tudo tão prático, fácil e sem demais complicações, tudo tão ingênuo, sonhador e infantil... Mas o mundo é naturalmente frio, é uma questão de adaptação fazê-lo um lugar mais aconchegante, talvez um banho trará isso. Um mundo aconchegante com direito a cobertor, cinema, arte, sorrisos, abraços e cheiro de chocolate quente não seria uma má ideia.



domingo, 5 de fevereiro de 2012

Everybody is a lie.

Houve uma época em que não se sabia o que era ser normal, uma época em que coisas como sentimentos exerciam força quase nula e que a confiança era artigo de luxo. Ser normal... era um conceito distante e temido.
Mas algo aconteceu, aos poucos 'normalidade' deixou de ser um conceito e se tornou algo tangível. Sim, era uma coisa temida e com motivos para ser. Se importar machuca, te torna inseguro e coisas mínimas te fazem mal. Talvez a anormalidade representasse um estado de espírito mais feliz ou fosse mais fácil de se lidar. Confiar é perigoso, de uma maneira ou de outra você se decepciona. Talvez a confiança seja levada a outro nível, um nível em que se espera que as pessoas cumpram suas promessas, que sejam sinceras e façam o que você espera delas. Não sei em que momento assimilei ter confiança nas pessoas, mas acho que está na hora de isso ser revertido, uma maneira de proteção. Que seja, o porto seguro de todos começou a se afundar lentamente.
O que é seguro demais pode não ser tão surpreendente, mas correr riscos demais não é tão encantador ou poético: Lindo de se falar e não tão bonito de se viver.
Não digo que riscos são desnecessários. Só digo que esses riscos não devem ser assumidos em relação a pessoas pois elas são imprevisíveis, e sim em relação a atitudes e escolhas próprias.
Muito bem, sou a antiga anormal que não se importa com os sentimentos, nem com os meus e nem com os de quem diz se importar, dizem da boca para fora. Um dos meus personagens favoritos sempre diz 'Everybody lies', mas o certo provavelmente seria ' Everybody is a lie'.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Aquele eu




Sinto falta das tardes solitárias, das palavras articuladas e de tudo que fez parte do que eu fui um dia. Aquele eu que se desgastou, aquele de que eu mais gostava. O eu poeta, o eu completamente sincero em seus sentimentos, o eu certo de suas atitudes.
Aquele eu que sonhava voar e que não tinha medo de cair, o que tinha medo do mundo mas sabia viver bem nele.
Agora tudo se transformou, e eu gostaria de resgatar aquela antiga maneira de ver o mundo, resgatar a pessoa que se afogou em algum momento no meio das preocupações, das inseguranças, das futilidades e das conversas vazias, mesmo que de início não parecessem ser. 
Ainda há esperança de salvar a pessoa adormecida que ainda deve morar em algum lugar por aqui, a pessoa que eu devo lutar para deixar viva, a que ainda dá sinais de existir.
A solução seria deixar de lado tudo o que me desvia  de quem eu deveria ser, mas as coisas não são tão fáceis quanto falar.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Nostalgia na madrugada.


Ai bateu uma saudade sabe? De tudo aquilo de que eu disse um dia.
Daqueles sonhos conturbados, das conversas entrecortadas, dos sorrisos que não tinham fim, das especulações, do perfume dos livros que me levavam pra longe, das músicas que hoje não têm o mesmo efeito.
Como se nada estivesse completo, como se faltasse uma parte. A parte que eu deveria ser, que eu fui um dia talvez, quando eu tinha tempo de ser. Eu perdi toda a noção de tempo, tudo se tornou um lampejo em que não temos muito tempo para pensar, vivemos por instintos e reflexos.
Isso uma hora acaba nos sufocando, e eu realmente me preocupo com isso não sou do tipo que gosta de ser controlada, nem que seja pelas circunstâncias.
A rotina tira a cor das coisas, faz a gente esquecer da nossa essência, do que sempre corremos atrás. Saudade. De ser livre.