domingo, 18 de março de 2012

Breve loucura



O céu estava roxo, daqueles bem parecidos com os tons de quando se mistura roxo com um pouco de amarelo, em um degradê perfeito até o azul. Um céu como aquele só poderia existir depois de uma chuva torrencial. A minha única reação foi encará-lo como se ele pudesse me ver, pequena estupidez, admito, mas não se pode classificar os sentimentos.

Nenhuma palavra seria capaz de expressar com exatidão a grandeza, a felicidade, a falta de ar ao simplesmente estar ali, a consciência de fazer parte daquilo, ser parte da imensidão do universo repleto de planetas, estrelas, buracos negros e vida, muitas vezes silenciosa e ignorada. Em lapsos de felicidade tento traduzir em palavras o indescritível, mas coisas são alcançadas através de tentativas, assim o dizem.

A brisa trouxe alguma dose de irrealidade ao mexer com meus cabelos, e descobri que a irrealidade é tão maravilhosa e sutil que não pode ser algo inexistente, e sim alguma espécie de realidade aumentada.

Na escuridão tentei encontrar a fonte da batida que tomava todo o espaço, procurei na lua mas vi que o som vinha de mim, o som de algo que batia dentro de mim: Um coração, aquele que eu havia esquecido que estava ali. 

O que se ouviu a seguir foi um sussurro, dirigido a ninguém em particular, dizia algo como "Muito obrigado". Abaixei a cabeça e alguma coisa brotou, (quem disse que só se brotam lágrimas?) um sorriso naquele instante parecia apropriado.

                                                                                      - Tahiane Libório.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Delírios de uma noite marcada pelo cansaço e melancolia.

Peso, sons de ossos se partindo e últimos suspiros. Ok, talvez os ossos não estejam se partindo audivelmente, assim como as perspectivas. Ninguém ouve, ninguém sabe, ninguém sente. É assim estar em uma multidão e se sentir completamente só, sem nenhuma alma viva disposta a simplesmente viver, ser humana e autêntica sem rótulos e besteiras, competições vazias, ações vazias, frases vazias e vidas vazias. É triste, quando toda a humanidade nas pessoas se transforma em algo mecânico e sem vida sob o pretexto de que está tudo bem, quando não está.
Todos sorrindo por fora e gritando por dentro, me desculpem mas não quero fazer parte desse mundo. Estou me retirando para um mundo à parte chamado eu, pelo menos ali posso sorrir e chorar sem os olhos atentos que julgam e falam de tudo por mais desinteressante que seja, pois não têm nada melhor para dizer mesmo. Cansei do mundo raso, retiro-me no silêncio para não desperdiçar palavras.