segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Apenas



Teu olhar de faca. Corta.
Tua poesia. Exalta.
Tua caixa de vidro. Mostra.
Quando queres esconder.
Teu temer.  Encolhe.
Teu abraço. Acolhe.
Tua vontade. Dissolve.
Quando o que querias era ser.
Teu olho. Chora.
Tua memória. Borra.
Quando tudo o que querias era viver.
Teu sonhar. Esqueceu.
Teu antigo eu. Perdeu.
Teu brilho. Desapareceu.
No fim. 
 Sobreviveu. Apenas.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Porque ninguém mais olha para o céu?



Porque ninguém mais olha para o céu?
Fecharam-se os olhos, abaixaram-se as cabeças. 
Uma luz se apagou nos corações que, por coincidência ou não, cada dia estão mais perdidos.
Talvez o azul celeste não seja mais tão interessante em detrimento dessas pequenas telas que brilham aos olhos e transformam em ansiedade o pensamento, a saudade em esquecimento e os dias em amontoados de horas, nada mais.
Nem mesmo as tardes feitas de pequenas sensações e grandes pinceladas coloridas -a lá impressionistas- recebem atenção, uma pena.
Há muita coisa sem atenção, na verdade as pessoas. Milhares, milhões delas olhando sem ver.
Não as culpo, a rotina nos consome, o sistema idem. As cobranças são feitas em conjunto com as promessas de felicidade. Acreditamos. E corremos no sentido contrário ao que deveríamos ir. 
Vive-se cada vez mais distante do silêncio, da contemplação, da reflexão, da arte, da música e tudo que por mais efêmero que seja nos põe em contato com o algo (divindade?) a mais dentro de nós.
Talvez existir fosse menos cansativo se nos entregássemos a essas pequenas coisas e a entregássemos para quem está ao redor.
Em um mundo cada vez mais desesperado, falta a disposição e calma para tirar o amor do fundo da caixa, limpar a poeira e deixá-lo correr entre olhos, corações e sorrisos.