terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Não se esqueça


Fiquei com saudades de você.

Senti falta da forma como me explicava as coisas e de toda aquela sua forma de ver o mundo, que mais parecia ter saído de um livro de autoajuda. "Eu não acredito nisso", era o que meus lábios diziam ao mesmo tempo em que se curvavam em um sorriso, que não era capaz de se esconder nem mesmo atrás do meu discurso chato de que a vida é difícil e todos nos daríamos mal alguma hora.

Mas a verdade é que eu amava seu otimismo, seu gosto pelos sorrisos e pelas coisas bobas que na verdade são o que há de mais bonito em toda essa vida. A arte e a poesia? Para você eram apenas boas distrações para os que não tinham a simples ideia de abrir a janela, ou se aventurar além das portas dos templos artificiais.

Esses são apenas observadores, era como você os chamava. Quem observa apenas as cópias, se esquece das fontes mais genuínas de inspiração e acabam perdendo sua capacidade de sentir e fazer sua própria arte. E também se esquecem que as mais belas obras nascem da beleza sincera e não da tristeza, ou das mágoas, por mais que os críticos digam o contrário (mas tudo bem, é o trabalho deles). 

Isso você me ensinou, e é por isso que tenho tanto medo de esquecer. 

Esquecer que me manter inspirado, é a forma mais deliciosa de fugir da loucura, ou do conformismo (se é que conformismo e loucura são tão diferentes assim). Tento manter isso em minha memória, mas você sabe como funciona o cotidiano, acaba engolindo tudo pela frente. Mas já que estamos falando de lembranças, só peço uma coisa: Não se esqueça do seu otimismo e nem do meu sorriso, e por favor, não se esqueça de mim.