segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Devaneios tolos


Sensação de precisar agir, mas não saber como ou até mesmo não ter forças para tal. É como se passasse por um túnel sem fim, em que eu só visse rostos borrados, culpa da velocidade em que a mente se move.
Vozes ao fundo, não sei porque tenho vontade chorar, pois ao mesmo tempo me sinto envergonhada por não ter motivos para isso, embora vontade não falte.
Caos.
Caos, desorganização, objetos escondidos. Fácil arrumar quando essas características representam um quarto bagunçado, mas não são tão simples quando se tratam de pensamentos fora de ordem.
O movimento repetitivo me deixa tonta, prestes a cair no chão com a sensação de que não irão me reerguer. Vão apenas olhar com alguma expressão de pena, e logo irão esquecer. Todo mundo tem uma parte que ninguém conhece, e essa parte pelo menos em mim, se sente sozinha. Já esteve mais, mas na verdade penso se o nosso mundo é um lugar onde a felicidade plena pode ser conquistada. Plena, não em doses.
Mesmo em doses a felicidade traz a verdadeira cor e o verdadeiro propósito que perseguimos, o motivo pelo qual realmente vivemos e lutamos, mesmo que nem sempre façamos isso da maneira correta.

sábado, 22 de outubro de 2011

Sorriso, reflexos e borboletas


Um sorriso involuntário surge, como um sonho no meio da noite e um suspiro em meio a uma lembrança. A maneira com que as coisas se movem mostram como as engrenagens da vida convergem para lugares estranhos que nunca pensamos que chegaríamos.
Um reflexo, um lampejo de insanidade atravessa a mente e a única coisa que me ocorre é sair correndo numa estrada vazia, com o vento nos cabelos e muitas gargalhadas. Desejo estranho, não?
Efeitos provocados pelos sons, pelas notas nos fazem submergir e emergir na mente que se move tão rápido, e não se desacelera, apenas se acalma e consegue se enxergar. Não se engane, se ver é diferente de se entender. A vida é menos pesada quando sabemos substituir a palavra eu por nós e algumas queixas por obrigado. É só fechar os olhos, não esquecer de que quando éramos crianças tudo o que queríamos era conhecer o mundo, nos lembramos da maneira que gostaríamos de voar apenas observando as borboletas, acreditando que tudo que começasse com Era Uma Vez já havia acabado, um dos poucos equívocos infantis: Não acabou, nem sabemos se já começou.

domingo, 2 de outubro de 2011

Ela sorriu.


Um sorriso torto, sem motivo. Se sentia bem, não necessariamente satisfeita.
Olhou para um lado, não havia ninguém para compartilhar seu sorriso, olhou para o outro e viu a luz, as sombras, reflexos, e vozes ao longe. Mas ela optou ficar ali, onde as vozes não podiam contaminá-la, preferiu ficar onde as lembranças tivessem cores mais vivas e sons mais suaves.
Ela se lembrou de algumas coisas que provavelmente ninguém mais se lembraria, riu mais uma vez de como tudo era engraçado, e até irônico às vezes, mas seu sorriso se recolheu quando se deu conta de que as coisas mudaram.
Mas não importava, estava ali para olhar o passado, nem que fosse por uma janela desfocada em sua mente. Viu como cada sorriso era o paraíso, e percebeu como as coisas sempre parecem ser melhores quando já se tornaram passado e que provavelmente o "agora" parecerá mais bonito em algum futuro próximo ou distante. Lembrou-se dos sonhos, e não entendeu o porque de ter se lembrado da luz do Sol em meio àquelas brincadeiras, histórias e sorrisos. Olhou para o chão no momento em que uma gota caía sobre ele, levou as costas de sua mão até suas bochechas, elas estavam molhadas. Riu mais uma vez, achou engraçado o fato de ser tão frágil mesmo se sentindo tão forte.
Se levantou de seu banco na sacada e andou, andou alguns metros que mais pareceram quilômetros, pois tudo ao redor se mexeu em câmera lenta durante a caminhada. Ela parou perto do lago, olhou o horizonte e se sentiu em paz. Se ajoelhou e viu seu reflexo, estava mais velha do que da última vez em que se via naquele espelho d'água. Talvez tivesse se passado muito tempo, ou talvez o tempo tivesse transcorrido apenas em sua mente e em seu coração. Estava mais madura, disso não tinha dúvida. A vida a havia levado até aquele ponto, parecia insensato voltar ao ponto de partida, e acima de tudo não sabia onde mais seus passos a levariam.
Estava ali, estava calma quando a brisa mexeu em seus cabelos, era como se estivesse fora do mundo, não houve o que dizer, ela apenas sorriu.

Tahiane Libório