domingo, 18 de março de 2012

Breve loucura



O céu estava roxo, daqueles bem parecidos com os tons de quando se mistura roxo com um pouco de amarelo, em um degradê perfeito até o azul. Um céu como aquele só poderia existir depois de uma chuva torrencial. A minha única reação foi encará-lo como se ele pudesse me ver, pequena estupidez, admito, mas não se pode classificar os sentimentos.

Nenhuma palavra seria capaz de expressar com exatidão a grandeza, a felicidade, a falta de ar ao simplesmente estar ali, a consciência de fazer parte daquilo, ser parte da imensidão do universo repleto de planetas, estrelas, buracos negros e vida, muitas vezes silenciosa e ignorada. Em lapsos de felicidade tento traduzir em palavras o indescritível, mas coisas são alcançadas através de tentativas, assim o dizem.

A brisa trouxe alguma dose de irrealidade ao mexer com meus cabelos, e descobri que a irrealidade é tão maravilhosa e sutil que não pode ser algo inexistente, e sim alguma espécie de realidade aumentada.

Na escuridão tentei encontrar a fonte da batida que tomava todo o espaço, procurei na lua mas vi que o som vinha de mim, o som de algo que batia dentro de mim: Um coração, aquele que eu havia esquecido que estava ali. 

O que se ouviu a seguir foi um sussurro, dirigido a ninguém em particular, dizia algo como "Muito obrigado". Abaixei a cabeça e alguma coisa brotou, (quem disse que só se brotam lágrimas?) um sorriso naquele instante parecia apropriado.

                                                                                      - Tahiane Libório.

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