sexta-feira, 12 de julho de 2013

O crescer

Derek Jones

Sumi por uns tempos.

A lógica seria ter sumido para colocar as ideias no lugar, mas ainda está tudo ao avesso.

Comecei textos que não foram terminados e frases que nem chegaram a ter sentido, mas nada ficou muito completo no final das contas.

É assim que eu me sinto, eu sei que é normal ter algum choque ao deixar os sonhos idealizados do passado e cair no concreto duro que é a vida real.

A vida real é difícil e a sua primeira reação (pelo menos a minha foi), é questionar se realmente o mundo era aquele lugar acolhedor em que eu até então acreditava, ou se reduzia a uma grande selva cinza de interesses.

Ainda não cheguei a uma conclusão, mas tudo bem, a gente aprende com o tempo, mas descobri uma coisa: crescer é difícil.

O problema é que a gente desaprende também, e infelizmente a maioria dessas coisas que esquecemos são as receitas da paz que abandonamos em nome do dinheiro e das aparências.

Como se isso trouxesse felicidade.

Deixamos as cores da vida se desbotarem, de tanto nos sabotarmos.

Como nós, seres humanos gostamos de enganar a nós mesmos, já pensou nisso?

Temos todos um objetivo: Sermos felizes, mas na maioria das vezes corremos no sentido contrário.

Ao invés de procurarmos do lado de dentro, corremos ao encontro de todos esses recursos artificiais que ficam do lado de fora.

E sabe de uma coisa? Eu tenho medo.

Medo de não saber mais o que fazer.

Medo de não querer mais acreditar.

E principalmente, medo de esquecer quem eu sou.

sábado, 18 de maio de 2013

A caminhada

Naqueles dias as palavras tinham que ser mascaradas.

Dizíamos entre sussurros o quanto queríamos ser ouvidos, assim como os que gritavam.

Alguém disse que seríamos como nossos pais, talvez tenham acertado, pois acabamos nos deixando reprimir.

Sempre nos sentimos na obrigação de estar indo a algum lugar. Porque não podemos simplesmente caminhar?

Sem aquela sensação latejante de estar sendo observado e precisar corresponder a todas aquelas expectativas.

Porque temos que nos forçar a uma única direção? E porque temos que brincar de prever o futuro?

O pior é que se cogitamos ir para qualquer outro lado, a sociedade nos afoga em meio a milhares de dedos indicadores apontando para onde ir: o local sem surpresas, o lugar da rotina, o reino do dinheiro. Sempre uma direção pré-determinada.

É o que fizeram aos nossos pais, e farão com nossos filhos.

O que é proibido é assumir que não sabemos para onde ir, é feio e representa fraqueza, é o que nos dizem.

Sabe quem disse?

Aqueles que foram fracos a ponto de nem pensar sobre o caminho que foi imposto goela abaixo.

Mas quem somos nós para julgar, não é mesmo?

Quantas vezes não estivemos na mesma situação e apontamos o dedo, agindo da mesma forma: de olhos fechados e mente retraída.

Não nos damos conta que vamos todos encontrar a mesma coisa no fim da estrada: a morte.

A diferença é a caminhada, sempre a caminhada.

quarta-feira, 27 de março de 2013

E se?


Não é raro nos surpreendermos pensando "para onde esse mundo está indo?".

Nos adiantamos logo em apontar o dedo para os outros, e prontamente os acusar pelas próprias imperfeições.

Chamamos o vizinho de egoísta, o colega de trabalho de ignorante ou atacamos até mesmo pessoas que nem mesmo conhecemos por simples discordância e não compreensão de realidades diferentes da nossa.

Hoje vemos pessoas se acusarem sem nem mesmo ouvir o outro lado da história.

Pessoas tão presas em seus dogmas que não enxergam o que está abaixo do nariz e se contentam em classificar qualquer um que exponha uma opinião diferenciada de "pessoa que quer chamar atenção" ou "desconhecedor da verdade".

Que verdade? A que tem aprisionado o ser humano desde seu surgimento? A verdade da cegueira e da falta de pensamento crítico?

Essa nunca nos levou a grandes mudanças, e consequentemente, nunca nos trouxe melhorias.

O mundo está tão acostumado em ser conformado, que qualquer um que ultrapasse a linha da suposta normalidade se torna adversário.

Pense a que ponto chegamos, vemos como adversários pessoas que devíamos considerar como irmãos.

Não falo isso de um ponto de vista estritamente religioso, e sim um que engloba os direitos de todo ser humano e visa o bem comum.

E se? 

Todos saíssem de suas bolhas?

Todos olhassem para os lados sem pretensão e apenas observassem o semelhante sem todas as camadas de preconceito?

Todos se dispusessem a se ajudar?

E se...

Sabemos que o mundo está longe de ser um lugar perfeito. 

Mas e se cada um começasse a sair de seu mundinho? E observasse que todos precisam mais de compreensão e amor e menos de um carro novo, ou do último tablet?

Não podemos ser pessoas perfeitas para o mundo.

Mas podemos ser a melhor versão de nós mesmos, e isso sim, é um começo.


domingo, 17 de março de 2013

Não sei falar de amor


Não sei falar de amor.

Não sei como explicar, eu simplesmente não consigo. Gostaria de poder escrever sobre as mãos que se encostam, os olhos que brilham, o coração que pulsa... Essas coisas que todos bem conhecem.

Queria, mas sinceramente não sei.

Depois de ver tantos com o dom da palavra aliado ao dom do sentimento e as lindas obras que surgiram dessa combinação, não deixo de me sentir  impotente diante de certas palavras, e dessa sensação de não saber como combiná-las.

Talvez apenas não seja a hora, o poeta escreve sobre o que bem sabe. É o que dizem.

Não adianta, nada soará verdadeiro enquanto eu não vivê-lo, enquanto eu não sair da plateia ou de trás das cortinas.

Jamais as metáforas se tornarão vivas e jamais alguém se identificará, pelo simples fato de não ser verdadeiro.

Nem me disponho a escrever sobre o cara perfeito e inexistente que se apaixona pela garota sem nada de especial, isso não é amor apesar de tratarem como tal, e sim algumas relações de dependência e manipulação de clichês. Estou farta dessas histórias, estou farta da falta de nuances e de toda essa massificação de uma coisa tão bonita, como os bons sentimentos.

Acho que o amor é mais simples e também mais complicado, é sereno apesar das tormentas e é eterno apesar de sê-lo por apenas um momento.

Acho que é maior do que tudo o que andam falando por aí, apesar de ser mais simples do que as pessoas insistem em pensar. E não é por ser simples que ele se torna fácil.

O amor é difícil, pois ele sempre envolve abrir mão.

Abrir mão não só de coisas ou situações, mas abrir mão de si próprio. Do próprio orgulho e do próprio egoísmo.

Acho que no final das contas o amor envolve, principalmente, compartilhar.

Compartilhar o próprio amor. Compartilhar sorrisos, sofrimentos, pensamentos e além de tudo, tempo.

Ainda não sei falar sobre romances e não sei falar de amor.

Só sei tentar.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Gente


Gente que inspira.

Gente que faz sorrir.

Gente que é diferente.

Gente que vive por amor.

Gente que te faz acreditar.

Gente que faz o mundo mais leve.

Gente que não vive só por dinheiro.

Gente que é capaz de olhar além de si mesmo.

Gente que não precisa falar o tempo todo sem dizer nada.

É o que o mundo precisa: Gente melhor.

Pessoas que são capazes de olhar e ver algo além, capazes de ouvir! Pessoas leves, de sorriso fácil, gente que pensa ao invés de apenas falar e gente que faz ao invés de apenas dizer...
O mundo precisa de pessoas que acreditam em sonhos ao invés da TV; que tomem atitudes inteligentes, mas nem por isso egoístas.
Pessoas que sorriem, sentem e não deixam o modo automático controlar suas vidas.
Pessoas fiéis a si mesmo e fiéis ao mundo.
É o que falta... gente que importa e se importa.


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Chuva de subjetivos


Me levanto da cama, ando de um lado ao outro, como se precisasse ir a algum lugar.

Na verdade se nem tenho consciência de onde realmente estou, como poderia saber para onde vou?

Tudo o que me ocorre é pegar a caneta e começar a rabiscar qualquer coisa sobre a folha de papel em cima da mesa.

Chove lá fora. Chove aqui dentro.

Não dentro da casa, dentro de mim.

Eu tinha um sonho, em que poderia voar para fora de mim. Mas não foi bem assim.

Agora não sei por onde eu devo ir ou quem devo ser.

Os caminhos precisam ser determinados.

Antes que eu me torne a patética figura solitária, a de lágrimas nos olhos, caneta na mão e sonhos na imaginação.

Seria bom se todos os dias fossem como aqueles em que acreditamos que podemos tocar as estrelas com nossas próprias mãos e abraçar o mundo para que ele não se esqueça de si mesmo!

Porém, nesse momento sinto que estou desaparecendo no mundo em que tentava abraçar.

Agora o que me resta é fechar os olhos... Não deixar que assim seja.

E lembrar-me de que toda luta começa dentro de nós.



domingo, 3 de fevereiro de 2013

Em memória a um grande amigo


Até onde vai a maldade do ser humano?
Assassinaram meu melhor amigo, o único que demonstrou amor puro, sem nada em troca. Aquele que trouxe a alegria para mim, para minha casa. Envenenaram o membro mais sincero da minha família. Espero guardar em mim apenas as lembranças de suas travessuras e do seu olhar, que sempre dizia muito mesmo no silêncio.
Mas o olhar que mais me disse, foi quando o encontrei agonizando e vi seu claro e grande esforço em levantar seu rosto para olhar para mim, foi como se tivesse escrito em seus olhos "Eu te amo" e "Me ajude". Nunca me esquecerei dessa cena, nunca.
E depois, a última vez que o vi ele parecia uma massa mole, sem a vida que anteriormente transbordava nele, sem conseguir focar os olhos em nada e babando, me doeu e me dói repassar a cena. Porquê?
Foi às pressas para o veterinário, e esperei, pois a esperança é a última que morre. E ela morreu, nessa tarde de domingo junto com o meu amiguinho, meu irmãozinho. Agora só peço para que cuidem dele do outro lado da vida.
Mais uma vítima da falta de racionalidade humana, da monstruosidade. Ele se foi com maior dignidade do que quem fez isso com ele jamais teve.
Mais uma vez o ser humano fazendo de seu mundo um lugar injusto, mas o que ele não percebe que ele é o injusto e o equivocado.
Vou sentir falta das recepções calorosas, do roubo de comida na cozinha e principalmente, vou sentir falta de te amar, meu anjinho negro, Sirius.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Entre a vida, as ilusões e a morte


É estranho pensar que todos os momentos da vida de todas as pessoas levam a apenas um: a morte.
Todos a tratam como se nunca ela fosse chegar ou como se ela não existisse, e simplesmente acabam, ou melhor, acabamos nos deixando ser tomados pela rotina, iludidos pelas aparências e engolidos pelo nosso orgulho.
E de vez em quando, quando nos lembramos que isso tudo não terá mais sentido quando não estivermos mais aqui, logo damos um jeito de pensar em outra coisa, acreditando que não é boa coisa refletir sobre o assunto. Mas e quando não houver mais aparências, ou dinheiro? Tudo o que restará será o eu, nu para si mesmo e para o mundo.
Imagino que pensaremos em tudo o que fizemos, e nos arrependeremos o bastante para querer uma nova chance. Pensaremos em todos os abraços que não damos, os sorrisos que não compartilhamos, o amor que não demonstramos e o perdão que recusamos. Quão cegos podemos ser?
Simplesmente não nos damos conta, na maior parte do tempo, do que realmente vale a pena. Os melhores momentos da vida não são apenas os grandes, como o dia do casamento, ou o dia da promoção no trabalho e sim a primeira vez que você começa a perceber o que se sente por quem você ama, ou o dia de trabalho bem feito e a expressão de gratidão do chefe. Afinal, são desses pequenos momentos que vêm as grandes consequências e nós os ignoramos. Puf! Depois de um tempo somem de nossas mentes.
E no final? Podemos acabar apegados ao que temos, por não sabermos mais o que somos. É o risco assumido no momento em que escolhemos o mundo de fantasia em que tentam nos fazer acreditar, no qual quem mais aparece é o mais feliz.