domingo, 14 de fevereiro de 2016

Hoje silencio


Quando criança queria escrever.

Queria que minhas palavras iluminassem de alguma forma os cantos escuros do ser humano. Queria dar esperança.

Quando criança eu não imaginava que não saberia iluminar a mim mesma, nem fugir dos fantasmas da dúvida, de seus olhares cheios de sorrisos zombeteiros.

Então percebi que talvez não houvesse gente disposta a ouvir o que eu gostaria de falar. Afinal, quem nesses tempos está disposto a ouvir?

Quando adulta permiti que calassem minha criança. Eu a calei, como quem acha que faz o certo mas coleciona equívocos.

Certos momentos me pego gritando por ela, ao escrever cartas desesperadas endereçadas a mim. Como resposta recebo apenas ecos.

Pelo visto, gritar não é a resposta e sim silenciar até que ela venha.


Deixo por escrito que hoje me silencio e aguardo por mim mesma, aqui e a qualquer momento. 

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