sábado, 11 de outubro de 2014

Cegueira



Olho para meus pés, um na frente do outro. Longa caminhada, mas não tão extensa quanto os pensamentos, onde bailam perguntas. As mesmas perguntas. 

Desisto de respondê-las?

Me mantenho a cada dia em maior silêncio. Mesmo com a mente tomada de tempestades, com o coração varrido por turbilhões e os pés mais trêmulos, apesar das passadas aparentemente firmes.

A brisa acalma minha pele e diminui meus passos. Para lugar algum. Simplesmente não sei, ninguém sabe. Ao menos assumo, não tenho ideia dos destinos que meus pés me levarão.

A verdade é que somos criaturas iludidas, tentamos controlar o universo mas não sabemos lidar com nossas próprias vidas. Somos cômicos ao pensar que somos importantes, quando na verdade somos apenas manchas esquecidas no tempo, na realidade crua das eras, que já se foram e que virão. Não seremos nem mesmo lembrados. Já pensou?

Enquanto isso, o sonho da vida de muitos é comprar uma bolsa, uma roupa de marca, um relógio caro ou qualquer coisa. Isso mesmo COISA. Que contribuem apenas para que a vida se torne mais vazia, mais desinteressante, sem razões para ser lembrada e, muitas vezes, vivida. 

É a cegueira que nos impede de olhar para alguém e o reconhecer como um semelhante, e não alguém inferior ou passível de ser explorado. São pessoas! Como fazemos isso conosco? Tenho medo que o nosso egoísmo imploda os sonhos, cada vez mais intrinsecamente escondidos e, infelizmente, esquecidos.



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